terça-feira, 28 de abril de 2009

Recesso, já?

O momento no qual criei este blog já não era propício à sua manutenção (finalizando uma dissertação de mestrado). E agora, com a notícia que me foi dada ontem pelo meu orientador, sou obrigado a estabelecer um recesso. Mas só até o dia 8/5, se Deus quiser. É o prazo máximo para entregar, já que a defesa e a banca foram homologadas.

O recesso chega a ser ideológico, já que o sujeito semi-pressa encontra-se temporariamente mais apressado do que nunca.

E claro, no próximo post não irão faltar devaneios, crises existenciais e fantasmas que me perseguem e ao mesmo tempo fazem companhia nas madrugadas afora escrevendo.

Até mais pessoas!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Considerações sobre o Sujeito Semi-Pressa: tecnologias neurais, processamento e arquivamento

Ser um sujeito semi-apressado não significa ser também um sujeito semi-lento. Não. A relação é bem menos temporal do que parece. Na verdade, as sinapses desse sujeito funcionam na mesma surpreendente velocidade que as suas. Ele apenas, digamos, se atém mais meticulosamente a cada etapa de seu raciocínio, por menor que este seja. Como se ele estabelecesse consigo, e apenas consigo, infindáveis (que não duram mais do que segundos) debates analíticos em tom professoral sobre cada movimento que realiza – o que, por outro lado, não o destitui de sua intensa capacidade de sublimação.


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São 05h02, o dia é 27 de fevereiro de 2008, e acabo de criar um novo arquivo de texto. Todos os meus novos arquivos de texto são batizados com a data de seu nascimento. Se eles gostam? Não sei, duvido. Imagine se seu nome fosse 12 de outubro de 1982, ou 11 de setembro de 2001. Mas esse tipo de nome só os acompanham até o momento em que passam a ganhar corpo, em que passam efetivamente a se legitimarem enquanto “textos” de um sujeito semi-pressa.


Acontece que, quando fui preencher o nome desse arquivo, o dia exato não me veio à cabeça. Talvez por ser quase manhã, e os primeiros raios de sol já entrarem pela janela. Estabeleci o debate, após desistir de escolher aleatoriamente um dia qualquer. Passei a raciocinar por comparaçãomeu aniversário fora há dois dias, e caiu, como sempre desde que nasci, no dia 25 de fevereiro! Desta vez em uma 8ª segunda-feira de um ano bissexto. Sabe o que isso significa? Que maldição esse dia trás consigo? Eu também nem faço idéia. (Momento "FÚRIA entre parênteses": acabo de ser picado por um pernilongo! Se o Twitter já existisse iria pra lá agora!) Só sei que esqueci o que ia argumentando... Sim!


Aniversário na segunda, dia 25. Bastava me lembrar que estava em uma quarta-feira (ou terça, já que não havia dormido ainda?). Daí foi só contar nos dedos através de um esquemático e ultra avançado segundo nível de raciocínio proposto nas cartilhas matemáticas do kumon: segunda-feira (25), terça-feira (26), e finalmente-feira, ops, quarta-feira (27). Insatisfeito ou talvez inseguro, preferi deslocar o cursor do mouse até a marcação de data e hora (que não retiro por nada da minha barra de tarefas) para descobrir que o nome do arquivo seria dia “27 – 02 – 2008.doc”. Pisciano, como o pai, e hoje rebatizado de “Considerações sobre o Sujeito Semi-Pressa: tecnologias neurais, processamento e arquivamento”.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Jornalista, só com diploma!

Neste blog, grande parte dos relatos são fabulados, fato que não o impede de divulgar iniciativas preocupadas com a qualidade de uma informação objetiva e capaz de gerar reflexão. O Jornalista, só com diploma! é uma rede social a favor da obrigatoriedade do diploma específico para o exercício da profissão.

Já dá para ver que o tema é polêmico e rende muitas discussões semi-apressadas - ou apressadas, já que a lei de obrigatoriedade, que completa 40 anos em 2009, ainda não é efetivamente respeitada.

Não sou jornalista, mas confio na causa e, como não poderia deixar de ser, nas pessoas que encabeçam a iniciativa da comunidade.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Considerações sobre o Sujeito Semi-Pressa: o pulso do tempo fora do pulso

“Quando começamos a medir o tempo com precisão somos, muitas vezes, inconscientes e descuidados. A verdade é que, como seres humanos, fazemos relógios muito ruins" (Murray Schafer).

“Contraponto: diferentes interlocutores com pontos de vista opostos”. Opostos sim, mas que coexistem em plena harmonia. Ou melhor: coexistem em um debate harmônico, no qual uma nota e sua célula rítmica se manifestam sempre reservando um espaço-tempo ou espaço-frequência para a outra.

No caso de ocorrerem sobreposições, a tensão naturalmente gerada por estas é acrescida da função de modelar e produzir determinado efeito que colabore com o programa de efeitos desejado pelo compositor. E isso vale mesmo quando sua intenção é gerar dissonância: o compositor coloca em jogo as relações sabidamente possuidoras de diferentes enunciados, tendo como objetivo produzir uma harmonia dissonante, que, ao obedecer de alguma forma ao endereçamento proposto, tem seu caráter dissonante relativamente minguado - esteticamente aproxima-se de uma consonância.

Porém, a inserção de uma única célula rebelde, que não jogue com as outras e disposta a subverter a lógica do compositor, é capaz de ignorar os ritornellos, acelerar o que antes ralentava, e assim dar cabo do programa de efeitos desejados.

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Acabo de constatar a total falta de consenso entre as diversas fontes de marcação do tempo existentes em minha casa. Metrônomo, display do laptop, relógio do aparelho de som, dois celulares, visor do elevador, minha percepção do movimento do Sol e das sombras produzidas dentro de casa: todos falando sobre o mesmo tema, mas com convicções bem distintas. Ainda bem que sou um sujeito semi-pressa, que consegue acompanhar todos os debates, e ainda assim com tempo para não me atrasar.